terça-feira, 1 de maio de 2012



Lá se vão exatos 18 anos sem Ayrton Senna. Os mais novos acham que é apenas o nome atual da antiga Avenida do Jiqui, na Zona Sul de Natal; os que têm seus mais de 20 anos sabem quem foi ele - um piloto brasileiro de F-1 que morreu tragicamente em um acidente no GP de Imola, na Itália, em 1994, quando seu carro perdeu a direção e acertou em cheio em um muro. 

Depois disso, por muitos anos, assistir a uma corrida de F-1 pela TV nas manhãs de domingo foi duro; só agora é que os ânimos começam a ser retomados, com muito brasileiro depositando esperanças em Felipe Massa, em Bruno Senna (sobrinho do homem!) e em Rubens Barrichello. Certo é que Ayrton deixou uma legião grande de admiradores "órfãos" mundo afora, uma legião que ainda o admira depois de tanto tempo - e, se não tivesse se encontrado com o "maldito" muro na Itália, o piloto estaria hoje com 52 anos de idade.

Ayrton quem?

Mas, de quem se trata? Senna - na identidade constava Ayrton Senna da Silva - nasceu no dia 21 de março de 1960 em São Paulo (SP), filho do metalúrgico Milton da Silva e da dona-de-casa Neide Joana Senna. Depois a família tomou o rumo do interior. Diz a lenda que aos 7 anos, Senna surpreendeu os pais ao pilotar um jipe da família... sem embreagem! Certo é que desde novo ele mostrava um certo gosto por automóveis e corridas - apesar de apresentar na época um probleminha de coordenação motora, que mais tarde foi corrigido.

Tinha 9 anos quando fez sua primeira corrida de kart. Era o ano de 1969, e o local era um terreno, um loteamento em Campinas (SP) - "O grid era decidido no sorteio de papel picado dentro do capacete: o número que saísse era a colocação do piloto na largada!", contaram ao repórter, há muitos anos, Wandyr Villar e Abmael de Souza, dois entusiastas da carreira do piloto. "Como ele era o mais novo, foi o primeiro a tirar o papel. Foi o primeiro no grid, fez a pole-position mas na largada caiu para terceiro e sustentou a posição até quatro voltas do final, quando o quarto colocado tocou em seu kart. Senna capotou e não terminou a prova...".

Quem disse que o rapazinho desistiu? Em 1973, em Interlagos, venceu sua primeira corrida e kart - a primeira vitória de muitas. Em 1974 sagrou-se campeão paulista da modalidade, em 1975 já era bi paulista e vice-campeão brasileiro. Em 1976, ficou em terceiro no Brasileiro; em 1977, foi campeão sul-americano, vice brasileiro e vice paulista; em 1978, conquistou o primeiro título brasileiro, foi bicampeão sul-americano, vice-campeão paulista e ainda chegou entre os seis melhores pilotos do Mundial de Kart; em 1979, foi vice-campeão mundial. Vice-campeão sul-americano e bicampeão brasileiro - nesse ano ele ainda deu uma "passadinha" em Natal, onde participou de uma corrida no pátio da Ceasa (e, para variar, foi o campeão); e em 1980, foi tricampeão brasileiro e sul-americano, e vice no Mundial.

Há um fato curioso a respeito dos Mundiais de kart de 1979 e 1980: consta que Senna só perdeu as competições por não levar a bandeira do Brasil na bagagem. "O regulamento da época exigia que cada piloto levasse a bandeira de seu respectivo país. Nesses dois anos Ayrton não tinha bandeira, e acabou desclassificado", lembraram Wandyr e Abmael. É bem possível quem, depois destes deslizes, o homem nunca mais tenha esquecido a bandeira... que tornou-se um símbolo de vitória após cada êxito na F-1, quando ele a punha na mão. 

F-1
A esta altura, o kart estava ficando pequeno para Senna. Tocou a vida e as competições para frente. Em 1981, foi tetracampeão brasileiro de kart e ficou entre os quatro melhores do Mundial - achou pouco e foi campeão inglês na F-Ford 1.600. Em 1982, já não estava mais no kart: foi campeão inglês e europeu na F-Ford 2.000. No ano seguinte, conquistou o campeonato inglês da F-3, então considerada um "vestibular" para a F-1.

Falando na F-1, ainda estava na F-3 quando fez um teste na Williams - consta que Senna dirigiu o carro de Keke Rosberg (pai de Nico Rosberg) e, em apenas quatro voltas, derrubou os tempos da pista, de Rosberg e até de Jack Lafitti, outro piloto da Williams. Eis que em 1984, Ayrton Senna ingressou na F-1 - mas não na Williams, e sim em uma equipe pequena, a Toleman (mais precisamente, a Toleman-Hart) - e arrancou um nono lugar na classificação do Mundial de pilotos, mostrando que vinha para virar a categoria do avesso: afinal, nesse ano ele conquistou o segundo lugar no tradicional GP de Monte Carlo, em Mônaco, sob forte chuva (e aí passou a ser chanmado de "Rei da Chuva") e ficou entre os seis primeiros no GP da África do Sul, onde se esforçou tanto que saiu todo doído e meio troncho do carro...



No ano de 1985 o brasileiro foi para a Lotus - então notabilizada pelos carros pretos. Foiaí que conquistou a primeira vitória na categoria - no GP de Portugal, no circuito de Estoril, ficou em primeiro depois de uma corrida com água "na canela", onde fez a pole-position e ainda bateu o recorde da pista... e também, venceu em Spa Francorchamps, na França, também sob chuva. Em 1986 repetiu o quarto lugar geral, com duas vitórias (a esta altura o carro já não era preto, e sim amarelo) e, em 1987, último ano na Lotus, terminou a temporada em terceiro (com vitórias em Monte Carlo - desta vez sem chuva - e na pista de Detroit, nos Estados Unidos).

Os maiores títulos
Em 1988 Senna foi parar na McLaren. E foi campeão, com 8 vitórias seguidas - sendo o primeiro piloto na história da F-1 a obter tal feito - e 13 pole-positions! Em 1989 quase foi bicampeão, tendo que se contentar com o vice-campeonato após ver um título considerado certo ser "chechado" no GP do Japão por obra de franceses. A história ficou célebre: o barsileiro e o francês Alain Prost - que era companheiro de escuderia! - estavam em franca e acirrada disputa, e se "tocaram" em um "S" do circuito japonês, o suficiente para o então presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Jean-Marie Balestre - tão francês quanto Prost! -, acusar o brasileiro de cortar caminho... e Senna perdeu os pontos da prova (o que deu o título daquele ano a Prost).

No ano seguinte, a vingança foi "maligna": Senna foi campeão sem deixar espaço para ninguém discutir nem questionar, nem o Balestre, com 6 vitórias (dizem as más línguas que teve dirigente se roendo de raiva, mas fazer o quê?). Pronto, o brasileiro já era bi na modalidade. Em 1991, veio o tricampeonato, com sete vitórias - entre elas a consagração no GP de Interlagos, a primeira conquista em casa, onde pilotou o carro nas últimas cinco voltas apenas com a sexta marcha (o resto havia travado!).

Em 1992 ficou em quarto no Mundial de pilotos, com três vitórias; e em 1993, seu útlimo ano na McLaren, foi vice-campeão com cinco vitórias - entre elas estão o GP de Interlagos (com direito à multidão invadindo a pista e tudo!) e o GP da Austrália. 

Morre o homem, nasce o mito
Sabem aquela equipe que fez teste com Senna antes de 1984, a Williams? O brasileiro só foi para lá dez anos depois, no fatídico ano de 1994. Fez apenas três corridas. No Japão, largou em primeiro, mas levou logo uma pancada de Mika Hakkinen no comecinho da prova e não pôde continuar; no Brasil foi pole-position, mas na prova rodou na pista e o motor, para piorar, "apagou"; e a dita prova em Imola, onde foi pole e... deu no que deu.

Sobre os incidentes em Imola, o perigo estava na cara - "Nos treinos, Rubens Barrichello se machucou na sexta-feira (na curva Villeneuve), e David Ratzemberger morreu no sábado (na curva Tamburello, onde Senna morreu no domingo, dia da prova). Pelo estatuto da FIA não era para ter corrida. Mas teve", consideraram Wandyr e Abmael. A pista estava sob observação desde 1987, quando Nelson Piquet bateu na Tamburello, então uma curva meio puxada para a esquerda onde os carros entravam com grande velocidade pela proximidade com a reta de largada, e bastava um piscar de olho para "passar" reto e acertar o muro em cheio; houve até um projeto para transformar a curva em um "S", que não foi adiante na época por pressão de grupos ambientalistas...

Ainda teve mais coisa. "Senna havia pedido para modificar a barra de direção, aumentando-a em 7 centímetros, o que exigiu uma peça extra", comentaram Wandyr e Abmael, com base nos relatos nos jornais e revistas da época. No meio da corrida a peça quebrou - a solda não teria sido perfeitamente executada - na entrada da tal curva, e não deu outra: o volante não atendeu, o carro saiu pela tangente a 320 km/h e foi em cheio no muro; no impacto, uma barra da suspensão dianteira bateu no muro e voltou, furando do capacete ao cérebro. A morte cerebral foi constatada no Hospital de Bolonha, após a corrida, que prosseguiu normalmente... e surgiu o mito, lembrado todo dia 1º de maio.



Fonte: nominuto.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá, deixe aqui seu comentário!