terça-feira, 29 de outubro de 2013

POEMA DO AMIGO APRENDIZ

 
"Quero ser o teu amigo. 
Nem demais e nem de menos.
 Nem tão longe e nem tão perto.
 Na medida mais precisa que eu puder.
 Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
 Da maneira mais discreta que eu souber. 
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar. 
Sem forçar tua vontade. 
Sem falar, quando for hora de calar.
 E sem calar, quando for hora de falar. 
Nem ausente, nem presente por demais.
 Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
 É bonito ser amigo,
 mas confesso é tão difícil aprender!
 E por isso eu te suplico
 paciência.
Vou encher este teu rosto 
 de lembranças,
 Dá-me tempo,
 de acertar nossas distâncias..."
 (Fernando Pessoa)

domingo, 6 de outubro de 2013

 
"Intimidade é quando a vida da gente relaxa diante de outra vida e respira macio. Não há porque se defender de coisa alguma nem porque se esforçar para o que quer que seja. O coração pode espalhar os seus brinquedos. Cantar a música que cada instante compõe. Bordar cada encontro com as linhas do seu próprio novelo. Contar as paisagens que vê enquanto cria o caminho. Andar descalço, sem medo de ferir os pés."

(Ana Jácomo)

sábado, 5 de outubro de 2013

Mas quando a gente dói, 
a gente precisa saber formas de cuidar da própria dor,
 com o jeito carinhoso com que gostaríamos de ser cuidados pelos outros,
 com a delicadeza com que cuidamos de outras pessoas...
 A gente precisa se ter, antes de tudo.
 O beijo precisa começar em nós...

Então amadinhas e amadinhos do meu coração,
vamos nos amar mais,
vamos parar de torturar
a nós mesmos...
vamos tentar?
vamos lá...

Um beijo carinhoso a cada um de vcs
que visitam meu blog!
Tenham todos um lindo fim de semana!
 
 
Depois de tantas buscas, encontros, desencontros,
 acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável,
 o máximo que eu puder, estando na minha própria pele.
 É me sentir confortável, mesmo acessando, 
vez ou outra,
 lugares da memória que eu adoraria inacessíveis,
 tristezas que não cicatrizaram,
 padrões que eu ainda não soube transformar,
 embora continue me empenhando para conseguir...

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O que me interessa no amor...


O que me interessa no amor, não é apenas o que ele me dá, mas principalmente, o que ele tira de mim: a carência, a ilusão de autossuficiência, a solidão maciça, a boemia exacerbada para suprir vazios.
 Ele me tira essa disponibilidade eterna para qualquer um, para qualquer coisa, a qualquer hora. 
Ele apazigua o meu peito com uma lista breve de prós e contras.
 Mas me dá escolhas. 
Eu me percebo transformada pelo que o amor tirou de mim por precisar de espaço amplo e bem cuidado para se instalar. 
O amor tira de mim a armadura, pois não consigo controlar a vulnerabilidade que vem com ele; tira também a intransigência. 
O amor me ensina a negociar os prazos, a superar etapas, a confiar nos fatos. 
O amor tira de mim a vontade de desistir com facilidade, de ir embora antes de sentir vontade, de abandonar sem saber por quê. 
E é por isso que o amor me assombra tanto quanto delicia. 
Porque não posso virar as costas pra uma mania quando ela vem de uma pessoa inteira. Porque eu não posso fingir que quero estar sozinha quando o meu ser transborda companhia. O amor me tira coisas que eu não gosto, coisas que eu talvez gostasse, 
mas me dá em dobro o que nunca tive: um namoramento por ele mesmo.
 O amor me tira aquilo que não serve mais e que me compunha antes.
 O amor tirou de mim tudo que era falta.

 (Marla de Queiroz)