quinta-feira, 24 de maio de 2012


O Trabalho de cada um

No Ramayana, uma das grandes epopéias indianas, conta-se a história do príncipe Rama, um jovem cheio de virtudes. 

A esposa de Rama, Sita, fora seqüestrada pelo perverso Ravana. 
Ajudado por ursos e macacos, o valente Rama tentava construir uma ponte até à ilha de Lanka, onde viviam Ravana e a prisioneira Sita. 
Os ursos carregavam pesadas árvores e os macacos traziam pedras. 
Mas, não havia trabalho para um grupo de esquilos. Pequeninos, sem muita habilidade, eles apenas conseguiam pôr alguns grãos de areia na ponte que se formava. 
Os esquilos faziam assim: molhavam-se na água e depois rolavam na areia. 
Os grãos de areia grudavam no pêlo e eles corriam até à ponte. Ali, sacudiam a areia sobre a construção. 
Narra a história que os outros bichos riam dos esquilos e desprezavam suas tentativas de colaborar.
E os esquilos se sentiam humilhados porque seus esforços não eram valorizados. 
Alguém resolveu contar a Rama o gesto dos esquilos. Esperava que Rama também risse dos bichinhos ingênuos. 
Venha vê-los,Rama, venha se divertir também com esses esquilos tolos! 
Mas Rama observou os animaizinhos, que rolavam na areia, enquanto todos à sua volta haviam parado o trabalho para rir. 
Gentilmente, ergueu um deles do solo. Acariciou-lhe a pelagem e disse,com amor: 
Um dia, todos ouvirão falar sobre a ponte para Lanka. Louvarão o esforço dos ursos e dos macacos, mas eu sou grato a todos os que trabalham. E você, pequenino, tem minha eterna gratidão. 
E, diante de todos que olhavam a cena, o príncipe Rama deu um presente ao esquilo. 
Acariciou-lhe as costas e seus dedos ali deixaram três listras brancas. 
Esta, pequenino, é a marca de minha gratidão, disse Rama. 
* * * 
Todo o Ramayana é composto de histórias como esta, que trazem um profundo ensino moral. 
Esta nos faz refletir sobre gratidão, generosidade e, principalmente, a importância do trabalho. 
Por mais humilde e obscuro que seja, cada um de nós tem um papel muito importante no Mundo. 
Aparentemente, outros são mais importantes, contribuem mais, têm tarefas maiores. Aparentemente. 
Mas lembremos, por um momento, a falta que fazem porteiros, vigias, garis, faxineiras, empregados domésticos. 
Todos são muito importantes. São homens e mulheres que se esforçam para ganhar o pão de cada dia, tantas vezes regado com lágrimas que ninguém vê. 
Para Deus, todo esforço é válido, todo trabalho é digno, todo trabalhador merece recompensa. A medida do Mundo não é a medida Divina. 
É que Deus, que conhece a nossa alma, sabe avaliar com exatidão o nosso esforço, capacidade e talentos. 
Ele sabe que o que é simples e fácil para um, pode exigir muito de outro. 
E Deus, que também vê no silêncio e na solidão, acolhe e ama cada trabalhador pequenino neste Mundo tão vasto. 
* * * 
Que cada um de nós possa ver os trabalhadores do Mundo sob a lente do imenso amor Divino.

terça-feira, 22 de maio de 2012



O Abraço

Estudos têm revelado que a necessidade de ser tocado é inata no homem. O contato nos deixa mais confortáveis e em paz.

O Dr. Harold Voth, psiquiatra da Universidade de Kansas, disse: O abraço é o melhor tratamento para a depressão.
Objetivamente, ele faz com que o sistema imunológico do organismo seja ativado.
Abraçar traz nova vida para um corpo cansado e faz com que você se sinta mais jovem e mais vibrante.
No lar, um abraço todos os dias reforçará os relacionamentos e reduzirá significativamente os atritos.
Helen Colton reforça este pensamento: Quando a pessoa é tocada, a quantidade de hemoglobina no sangue aumenta significativamente. Hemoglobina é a parte do sangue que leva o suprimento vital de oxigênio para todos os órgãos do corpo, incluindo coração e cérebro.
O aumento da hemoglobina ativa todo o corpo, auxilia a prevenir doenças e acelera a recuperação do organismo, no caso de alguma enfermidade.
É interessante notar que reservamos nossos abraços para ocasiões de grande alegria, tragédias ou catástrofes.
Refugiamo-nos na segurança dos abraços alheios depois de terremotos, enchentes e acidentes.
Homens, que jamais fariam isso em outras ocasiões, se abraçam e se acariciam com entusiasmado afeto, depois de vencerem um jogo ou de realizarem um importante feito atlético.
Membros de uma família, reunidos em um enterro, encontram consolo e ternura uns nos braços dos outros, embora não tenham o hábito dessas demonstrações de afeição.
O abraço é um ato de encontro de si mesmo e do outro. Para abraçar é necessário uma atitude aberta e um sincero desejo de receber o outro.
Por isso, é fácil abraçar uma pessoa estimada e querida. Mas se torna difícil abraçar um estranho.
Sentimos dificuldade em abraçar um mendigo ou um desconhecido. E cada pessoa acaba por descobrir, em sua capacidade de abraçar, seu nível de humanização, seu grau de evolução afetiva.
É natural no ser humano o desejo de demonstrar afeição. Contudo, por alguma razão misteriosa, ligamos ternura com sentimentalidade, fraqueza e vulnerabilidade. Geralmente hesitamos tanto em abraçar quanto em deixar que nos abracem.
O abraço é uma afirmação muito humana de ser querido e de ter valor.
É bom. Não custa nada e exige pouco esforço. É saudável para quem dá e quem recebe.
*   *   *
Você tem abraçado ultimamente sua mulher, seu marido, seu pai, sua mãe, seu filho?
Você costuma abraçar os seus afetos somente em datas especiais?
Quando você encontra um amigo, costuma cumprimentá-lo simplesmente com um aperto de mão e um beijo formal?
A emoção do abraço tem uma qualidade especial. Experimente abraçar mais.
Vivemos em uma sociedade onde a grande queixa é de carência afetiva.
Que tal experimentar a terapia do abraço?

Papai não morreu

Aquele fora um dia diferente... 


A tarde caía rápida e fria e o vento na folhagem amarelada anunciava que a chegada do inverno estava próxima. 

Mateus, era um garoto de dez anos e se acostumara às alegrias descontraídas de sua pequena família, composta pelos pais e uma irmã mais nova que com ele compartilhava das brincadeiras infantis. 
Mas a vida nem sempre nos reserva surpresas agradáveis. Era isso que Mateus descobrira naquele dia em que contemplava o corpo do pai, a quem tanto amava, estendido num caixão sobre a mesa. 
Todos enxugavam o pranto, mas ele tinha nos olhos grossas lágrimas que se recusavam a cair. 
Nunca havia experimentado um sentimento igual. Era como se algo dentro do seu coraçãozinho tivesse se partido em mil pedaços. 
O enterro foi consumado... 
A vida deveria seguir seu curso, mas em seu lar faltava alguém. Faltava a figura respeitável do pai amado. 
Sobrava um lugar à mesa. Sobrava o pedaço de frango predileto do papai. O pudim se demorava na geladeira. 
E Mateus pensava em como suportaria tanta amargura e saudade. 
No entanto, a volta às aulas, às brincadeiras com a irmã, os piqueniques, as tardes no parque, trouxeram novo alento ao seu coração juvenil. 
Um dia, a visita de uma amiga da família trouxe de volta as lembranças tristes. 
A mãe falava da falta que sentia do companheiro. Dizia que a saudade lhe acompanhava de perto e que era difícil a vida depois que o marido morrera. 
E Mateus que, não muito longe escutava a conversa das amigas, aproximou-se e disse com a segurança de quem tem certeza: 
- Mamãe, você disse que o papai morreu, mas eu asseguro que isso não é verdade. 
A mãe olhou-o com ternura e desejando consolá-lo, disse: 
- Sim filho, o papai vive além da cortina que nos separa dele momentaneamente. 
- Não, mamãe! O papai vive e viverá para sempre. 
- Ele vive em mim através de tudo o que me ensinou... 
- Quando sou obediente, eu o sinto em minha intimidade porque foi ele quem me ensinou a obedecer. 
- Quando sou honesto, lembro-me das muitas vezes que ele enalteceu a honestidade. 
- Quando perdôo meus amigos, quase o ouço dizer: "filho, quem perdoa não adoece porque não guarda o lixo da mágoa na intimidade. 
- Quando sinto que a inveja deseja instalar-se em minha alma, lembro-me de ter ouvido de seus lábios: "a inveja é um ácido corrosivo que prejudica quem a alimenta." 
- E quando, por fim, meu coração se enche de saudade e penso que não mais a suportarei, uma suave brisa perpassa meu ser e ouço sua voz falando baixinho: "filho, eu estou ao seu lado, não duvide". 
- E é assim, mãezinha, que eu sei que papai não morreu. Sinto que ele continua vivo, não somente atrás da cortina que temporariamente nos separa, mas também através da herança de amor que legou a todos nós. 
Pense nisso! 
Quem deseja plantar apenas por alguns dias, planta flores... 
Quem deseja plantar para alguns anos ou séculos, planta árvores. 
Mas quem quer plantar para a eternidade, planta idéias nobres nos corações daqueles a quem ama.
Pense nisso!!!

terça-feira, 15 de maio de 2012

A FORÇA DO AMOR

Eram noivos e se preparavam para o casamento, quando o pai da noiva descobriu que o rapaz era dado ao jogo.


Decidiu se opor à realização do matrimônio, a pretexto de que o homem que se dá ao vício do jogo, jamais seria um bom marido. 
Contudo, a jovem obstinada decidiu se casar, assim mesmo. E conseguiu, fazendo valer a sua vontade, vencendo a resistência do pai. 
Nos primeiros dias de vida conjugal, o rapaz se portou como um marido ideal. Entretanto, com o passar dos dias, sentia crescer em si cada vez mais o desejo de voltar à mesa de jogo. 
Certa noite, incapaz de resistir, retornou ao convívio de seus antigos companheiros. 
Em casa, a jovem tomou um bordado e ficou aguardando. Embora ocupada com o trabalho manual, tinha os olhos presos ao relógio. As horas pareciam passar cada vez mais lentas. 
Já era alta madrugada, quando o marido chegou. Nem disfarçou a sua irritação, por surpreender a companheira ainda acordada. Logo imaginou que ela o esperava para censurar a sua conduta. 
Quando ele a interrogou sobre o que fazia àquela hora ela, com ternura e bondade na voz, disse que estava tão envolvida com seu bordado, que nem se dera conta da hora avançada. 
Sem dar maior importância à ocorrência, ela se foi deitar. 
No dia seguinte, quando ele retornou ainda mais tarde da casa de jogos, a encontrou outra vez a esperá-lo. 
"Outra vez acordada?", perguntou ele quase colérico. 
"Não quis que fosse se deitar, sem que antes fizesse um lanche. Preparei torradas, chá quentinho. Espero que você goste." 
E, sem perguntar ao marido onde estivera e o que fizera até aquela hora, a esposa o beijou carinhosamente e se recolheu ao leito. 
Na terceira noite, ela o esperou com um bolo delicioso, cuja receita lhe fora ensinada pela vizinha. 
Antes mesmo que o marido dissesse qualquer coisa, ela se prendeu ao pescoço dele, abraçou-o e pediu que provasse da nova delícia. 
E assim, todas as madrugadas, a ocorrência se repetiu. O marido começou a se preocupar. 
Na mesa de jogo, tinha o pensamento menos preso às cartas do que à esposa, que o esperava, pacientemente, como um anjo da paz. 
Começou a experimentar uma sensação de vergonha, ao mesmo tempo de indiferença e quase repulsa por tudo quanto o rodeava. 
O que ele tinha em casa era uma mulher que o esperava, toda madrugada, para o abraçar, dar carinho. E ele, ali, naquele lugar? 
Aos poucos, foi se tornando mais forte aquele incômodo. Finalmente, um dia, de olhar vago e distante, como se tivesse diante de si outro cenário, o rapaz se levantou de repente da mesa de jogo. 
Como se cedesse a um impulso quase automático, retirou-se, para nunca mais voltar. 
Nos dias de hoje, é bem comum os casais optarem por se separar, até por motivos quase ingênuos.
Poucas criaturas decidem lutar para harmonizar as diferenças, superar os problemas, em nome do amor, a fim de que a relação matrimonial se solidifique. 
Contudo, quando o amor se expressa, todo o panorama se modifica. É difícil a alma que resista às expressões do amor. 
Porque o amor traz a mensagem da plenificação, do bem estar, da alegria. 
Desta forma, é sempre salutar investir no amor, expressando-o através de gestos, pequenas atenções, gentilezas. 
O amor é o sentimento por excelência e tem a capacidade de transformar situações e pessoas. 
Pense nisso. Experimente-o agora.

segunda-feira, 14 de maio de 2012


Bom dia!!
Ontem? Isso faz tanto tempo...
Amanhã? Não nos cabe saber...
E amanhã pode ser muito tarde pra dizer:
- Desculpe o erro foi meu!
O seu amor amanhã, já não pode ser mas esperado.
A sua carta amanhã, já não pode ser mais lida.
O seu carinho amanhã, já não pode ser mais necessário.
amanhã pode ser tarde pra dizer:
- Eu amo você...
- Desculpe-me! Está flor é pra você!
Você está tão bem!
Amanhã já pode não ser mais preciso.
Não deixe pra amanhã o seu sorriso, o seu abraço, o seu carinho, o seu trabalho, o seu sonho e a sua ajuda.
Não deixe pra amanhã para perguntar:
- Porque você está triste?
O que há com você?
Ei... venha cá, vamos conversar! Cadê o seu sorriso? Já percebeu que eu existo?
Porque não conversamos novamente? Estou com você, sabe que pode contar comigo.. Cadê seus sonhos? Onde está sua vontade?
Lembre-se amanhã pode ser muito tarde...
Amanhã o seu amor pode não ser mais preciso...
O seu amor pode ter encontrado outro amor...
O seu presente pode chegar muito tarde...
O seu reconhecimento pode não ser recebido com o mesmo entusiasmo...
Procure, vá atrás! Insista... Nunca desista...
Tente mais uma vez! Só hoje é definitivo!
Realmente amanhã pode ser muito Tarde!!!
Tenha um excelente dia
 com muita paz, 
alegria e
muito amor!

domingo, 13 de maio de 2012


Quando Deus criou as mães

Diz uma lenda que o dia em que o bom Deus criou as mães, um mensageiro se acercou Dele e Lhe perguntou o porquê de tanto zelo com aquela criação.  


Em quê, afinal de contas, ela era tão especial? 


O bondoso e paciente Pai de todos nós lhe explicou que aquela mulher teria o papel de mãe, pelo que merecia especial cuidado. 

Ela deveria ter um beijo que tivesse o dom de curar qualquer coisa, desde leves machucados até namoro terminado.

Deveria ser dotada de mãos hábeis e ligeiras que agissem depressa preparando o lanche do filho, enquanto mexesse nas panelas para que o almoço não queimasse.

Que tivesse noções básicas de enfermagem e fosse catedrática em medicina da alma. Que aplicasse curativos nos ferimentos do corpo e colocasse bálsamo nas chagas da alma ferida e magoada.

Mãos que soubessem acarinhar, mas que fossem firmes para transmitir segurança ao filho de passos vacilantes. Mãos que soubessem transformar um pedaço de tecido, quase insignificante, numa roupa especial para a festinha da escola.
Por ser mãe deveria ser dotada de muitos pares de olhos.
 Um par para ver através de portas fechadas, para aqueles momentos em que se perguntasse o que é que as crianças estão tramando no quarto fechado. 
Outro para ver o que não deveria, mas precisa saber e, naturalmente, olhos normais para fitar com doçura uma criança em apuros e lhe dizer: Eu te compreendo. Não tenhas medo. Eu te amo, mesmo sem dizer nenhuma palavra.

O modelo de mãe deveria ser dotado ainda da capacidade de convencer uma criança de nove anos a tomar banho, uma de cinco a escovar os dentes e dormir, quando está na hora.

Um modelo delicado, com certeza, mas resistente, capaz de resistir ao vendaval da adversidade e proteger os filhos. 
De superar a própria enfermidade em benefício dos seus amados e de alimentar uma família com o pão do amor.

Uma mulher com capacidade de pensar e fazer acordos com as mais diversas faixas de idade. 
Uma mulher com capacidade de derramar lágrimas de saudade e de dor mas, ainda assim, insistir para que o filho parta em busca do que lhe constitua a felicidade ou signifique seu progresso maior.

Uma mulher com lágrimas especiais para os dias da alegria e os da tristeza, para as horas de desapontamento e de solidão. 
Uma mulher de lábios ternos, que soubesse cantar canções de ninar para os bebês e tivesse sempre as palavras certas para o filho arrependido pelas tolices feitas.

Lábios que soubessem falar de Deus, do Universo e do amor. Que cantassem poemas de exaltação à beleza da paisagem e aos encantos da vida.

Uma mulher. Uma mãe.

* * * 
Ser mãe é missão de graves responsabilidades e de subida honra. É gozar do privilégio de receber nos braços Espíritos do Senhor e
conduzi-los ao bem.

Enquanto haja mães na Terra, Deus estará abençoando o homem com a oportunidade de alcançar a meta da perfeição que lhe cabe, porque a mãe é a mão que conduz, o anjo que vela, a mulher que ora, na esperança de que os seus filhos alcancem felicidade e paz.

terça-feira, 1 de maio de 2012



Lá se vão exatos 18 anos sem Ayrton Senna. Os mais novos acham que é apenas o nome atual da antiga Avenida do Jiqui, na Zona Sul de Natal; os que têm seus mais de 20 anos sabem quem foi ele - um piloto brasileiro de F-1 que morreu tragicamente em um acidente no GP de Imola, na Itália, em 1994, quando seu carro perdeu a direção e acertou em cheio em um muro. 

Depois disso, por muitos anos, assistir a uma corrida de F-1 pela TV nas manhãs de domingo foi duro; só agora é que os ânimos começam a ser retomados, com muito brasileiro depositando esperanças em Felipe Massa, em Bruno Senna (sobrinho do homem!) e em Rubens Barrichello. Certo é que Ayrton deixou uma legião grande de admiradores "órfãos" mundo afora, uma legião que ainda o admira depois de tanto tempo - e, se não tivesse se encontrado com o "maldito" muro na Itália, o piloto estaria hoje com 52 anos de idade.

Ayrton quem?

Mas, de quem se trata? Senna - na identidade constava Ayrton Senna da Silva - nasceu no dia 21 de março de 1960 em São Paulo (SP), filho do metalúrgico Milton da Silva e da dona-de-casa Neide Joana Senna. Depois a família tomou o rumo do interior. Diz a lenda que aos 7 anos, Senna surpreendeu os pais ao pilotar um jipe da família... sem embreagem! Certo é que desde novo ele mostrava um certo gosto por automóveis e corridas - apesar de apresentar na época um probleminha de coordenação motora, que mais tarde foi corrigido.

Tinha 9 anos quando fez sua primeira corrida de kart. Era o ano de 1969, e o local era um terreno, um loteamento em Campinas (SP) - "O grid era decidido no sorteio de papel picado dentro do capacete: o número que saísse era a colocação do piloto na largada!", contaram ao repórter, há muitos anos, Wandyr Villar e Abmael de Souza, dois entusiastas da carreira do piloto. "Como ele era o mais novo, foi o primeiro a tirar o papel. Foi o primeiro no grid, fez a pole-position mas na largada caiu para terceiro e sustentou a posição até quatro voltas do final, quando o quarto colocado tocou em seu kart. Senna capotou e não terminou a prova...".

Quem disse que o rapazinho desistiu? Em 1973, em Interlagos, venceu sua primeira corrida e kart - a primeira vitória de muitas. Em 1974 sagrou-se campeão paulista da modalidade, em 1975 já era bi paulista e vice-campeão brasileiro. Em 1976, ficou em terceiro no Brasileiro; em 1977, foi campeão sul-americano, vice brasileiro e vice paulista; em 1978, conquistou o primeiro título brasileiro, foi bicampeão sul-americano, vice-campeão paulista e ainda chegou entre os seis melhores pilotos do Mundial de Kart; em 1979, foi vice-campeão mundial. Vice-campeão sul-americano e bicampeão brasileiro - nesse ano ele ainda deu uma "passadinha" em Natal, onde participou de uma corrida no pátio da Ceasa (e, para variar, foi o campeão); e em 1980, foi tricampeão brasileiro e sul-americano, e vice no Mundial.

Há um fato curioso a respeito dos Mundiais de kart de 1979 e 1980: consta que Senna só perdeu as competições por não levar a bandeira do Brasil na bagagem. "O regulamento da época exigia que cada piloto levasse a bandeira de seu respectivo país. Nesses dois anos Ayrton não tinha bandeira, e acabou desclassificado", lembraram Wandyr e Abmael. É bem possível quem, depois destes deslizes, o homem nunca mais tenha esquecido a bandeira... que tornou-se um símbolo de vitória após cada êxito na F-1, quando ele a punha na mão. 

F-1
A esta altura, o kart estava ficando pequeno para Senna. Tocou a vida e as competições para frente. Em 1981, foi tetracampeão brasileiro de kart e ficou entre os quatro melhores do Mundial - achou pouco e foi campeão inglês na F-Ford 1.600. Em 1982, já não estava mais no kart: foi campeão inglês e europeu na F-Ford 2.000. No ano seguinte, conquistou o campeonato inglês da F-3, então considerada um "vestibular" para a F-1.

Falando na F-1, ainda estava na F-3 quando fez um teste na Williams - consta que Senna dirigiu o carro de Keke Rosberg (pai de Nico Rosberg) e, em apenas quatro voltas, derrubou os tempos da pista, de Rosberg e até de Jack Lafitti, outro piloto da Williams. Eis que em 1984, Ayrton Senna ingressou na F-1 - mas não na Williams, e sim em uma equipe pequena, a Toleman (mais precisamente, a Toleman-Hart) - e arrancou um nono lugar na classificação do Mundial de pilotos, mostrando que vinha para virar a categoria do avesso: afinal, nesse ano ele conquistou o segundo lugar no tradicional GP de Monte Carlo, em Mônaco, sob forte chuva (e aí passou a ser chanmado de "Rei da Chuva") e ficou entre os seis primeiros no GP da África do Sul, onde se esforçou tanto que saiu todo doído e meio troncho do carro...



No ano de 1985 o brasileiro foi para a Lotus - então notabilizada pelos carros pretos. Foiaí que conquistou a primeira vitória na categoria - no GP de Portugal, no circuito de Estoril, ficou em primeiro depois de uma corrida com água "na canela", onde fez a pole-position e ainda bateu o recorde da pista... e também, venceu em Spa Francorchamps, na França, também sob chuva. Em 1986 repetiu o quarto lugar geral, com duas vitórias (a esta altura o carro já não era preto, e sim amarelo) e, em 1987, último ano na Lotus, terminou a temporada em terceiro (com vitórias em Monte Carlo - desta vez sem chuva - e na pista de Detroit, nos Estados Unidos).

Os maiores títulos
Em 1988 Senna foi parar na McLaren. E foi campeão, com 8 vitórias seguidas - sendo o primeiro piloto na história da F-1 a obter tal feito - e 13 pole-positions! Em 1989 quase foi bicampeão, tendo que se contentar com o vice-campeonato após ver um título considerado certo ser "chechado" no GP do Japão por obra de franceses. A história ficou célebre: o barsileiro e o francês Alain Prost - que era companheiro de escuderia! - estavam em franca e acirrada disputa, e se "tocaram" em um "S" do circuito japonês, o suficiente para o então presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Jean-Marie Balestre - tão francês quanto Prost! -, acusar o brasileiro de cortar caminho... e Senna perdeu os pontos da prova (o que deu o título daquele ano a Prost).

No ano seguinte, a vingança foi "maligna": Senna foi campeão sem deixar espaço para ninguém discutir nem questionar, nem o Balestre, com 6 vitórias (dizem as más línguas que teve dirigente se roendo de raiva, mas fazer o quê?). Pronto, o brasileiro já era bi na modalidade. Em 1991, veio o tricampeonato, com sete vitórias - entre elas a consagração no GP de Interlagos, a primeira conquista em casa, onde pilotou o carro nas últimas cinco voltas apenas com a sexta marcha (o resto havia travado!).

Em 1992 ficou em quarto no Mundial de pilotos, com três vitórias; e em 1993, seu útlimo ano na McLaren, foi vice-campeão com cinco vitórias - entre elas estão o GP de Interlagos (com direito à multidão invadindo a pista e tudo!) e o GP da Austrália. 

Morre o homem, nasce o mito
Sabem aquela equipe que fez teste com Senna antes de 1984, a Williams? O brasileiro só foi para lá dez anos depois, no fatídico ano de 1994. Fez apenas três corridas. No Japão, largou em primeiro, mas levou logo uma pancada de Mika Hakkinen no comecinho da prova e não pôde continuar; no Brasil foi pole-position, mas na prova rodou na pista e o motor, para piorar, "apagou"; e a dita prova em Imola, onde foi pole e... deu no que deu.

Sobre os incidentes em Imola, o perigo estava na cara - "Nos treinos, Rubens Barrichello se machucou na sexta-feira (na curva Villeneuve), e David Ratzemberger morreu no sábado (na curva Tamburello, onde Senna morreu no domingo, dia da prova). Pelo estatuto da FIA não era para ter corrida. Mas teve", consideraram Wandyr e Abmael. A pista estava sob observação desde 1987, quando Nelson Piquet bateu na Tamburello, então uma curva meio puxada para a esquerda onde os carros entravam com grande velocidade pela proximidade com a reta de largada, e bastava um piscar de olho para "passar" reto e acertar o muro em cheio; houve até um projeto para transformar a curva em um "S", que não foi adiante na época por pressão de grupos ambientalistas...

Ainda teve mais coisa. "Senna havia pedido para modificar a barra de direção, aumentando-a em 7 centímetros, o que exigiu uma peça extra", comentaram Wandyr e Abmael, com base nos relatos nos jornais e revistas da época. No meio da corrida a peça quebrou - a solda não teria sido perfeitamente executada - na entrada da tal curva, e não deu outra: o volante não atendeu, o carro saiu pela tangente a 320 km/h e foi em cheio no muro; no impacto, uma barra da suspensão dianteira bateu no muro e voltou, furando do capacete ao cérebro. A morte cerebral foi constatada no Hospital de Bolonha, após a corrida, que prosseguiu normalmente... e surgiu o mito, lembrado todo dia 1º de maio.



Fonte: nominuto.com